A obra “Membro Fantasma” faz alusão à síndrome na qual uma pessoa que teve um de seus membros amputado mantém a sensação neurofisiológica de sua presença, ou seja, percebe e sente o mesmo como se este ainda existisse naturalmente conectado ao corpo. Embora a ciência tenha formulado algumas hipóteses sobre este fenômeno, ainda não há uma explicação definitiva sobre sua causa. Alguns cientistas especulam sobre a existência biológica de um campo morfogenético, que informaria estruturalmente os seres vivos desde sua etapa embrionária e teria função na definição das formas e características deste organismo. Tal campo mórfico funcionaria como uma espécie de envelope inteligente, sensível, se mantendo integrado anatomicamente aos seres vivos, ainda que alguma de suas partes fosse removida. Tal fenômeno é considerado na base conceitual de “Membro Fantasma”, que se inspira na ideia de campos morfogenéticos para conceber uma obra que tem por princípio dar visibilidade às partes amputadas de uma árvore. É comum observarmos em árvores que tiveram seus corpos ceifados a vida renascer aos poucos, como se a força vital se mantivesse ali presente e se manifestasse de forma resiliente. “Membro Fantasma”, obra concebida por Guto Nóbrega e Patrícia Freire, e executada em colaboração com o aramista Rafael Turatti, especula sobre a possibilidade de árvores aparentemente mortas, cujo corpo tenha sido brutalmente amputado na sua base em nome do progresso, ainda existirem na forma de um campo de luz que se mantém presente. Trata-se de uma arte urbana, que atribui a um toco de árvore cortada numa praça pública uma extensão luminosa, um corpo luz que nos conecta a sua memória.